Humanos vs. Máquinas: China Exibe Robôs Humanoides em Primeira Meia-Maratonha do Mundo

Em um evento histórico, a China realizou a primeira meia-maratonha do mundo com robôs humanoides competindo ao lado de 12 mil corredores humanos. Descubra como os robôs se saíram, os desafios técnicos enfrentados e o que isso revela sobre a ambição chinesa de liderar a revolução da robótica global.

4/23/20253 min ler

A Corrida que Entrou para a História: 21 Robôs vs. Humanos em Beijing

No dia 13 de abril de 2025, as ruas de Beijing testemunharam um marco tecnológico: a primeira meia-maratonha do mundo com robôs humanoides competindo oficialmente contra corredores humanos. O evento, parte da Beijing E-Town Half Marathon, reuniu 12 mil participantes humanos e 21 robôs de empresas como a UBTech e Xiaomi, em uma demonstração pública das ambições chinesas em inteligência artificial e robótica.

Apesar do entusiasmo, o resultado foi uma mistura de conquistas e contratempos. Enquanto o robô Tien Kung Ultra completou os 21 km em 2h40, outros modelos tropeçaram, bateram em grades ou perderam o rumo. Apenas dois robôs terminaram dentro do limite original de 3h30, revelando que, embora impressionantes, essas máquinas ainda estão longe de igualar a resistência humana.

Desafios Técnicos: Por que Correr é tão Difícil para Robôs?

A maratonha expôs limitações críticas da robótica atual. Ao contrário de ambientes controlados em laboratórios, uma corrida em ruas exige:

  • Equilíbrio dinâmico: Robôs como o Shennong (que desabou durante a prova) lutaram para ajustar a postura em terrenos irregulares.

  • Gestão energética: Muitos precisaram de troca de baterias durante o percurso, já que seus sistemas consomem energia 20 vezes mais rápido que o metabolismo humano.

  • Navegação autônoma: O robô Huanhuan, equipado com rosto humanoide, perdeu-se após 5 km, destacando falhas em algoritmos de localização.

Tang Jian, CTO do Beijing Humanoid Robot Innovation Center, explicou:

"Correr é uma habilidade básica para humanos. Queremos equipar robôs com capacidades semelhantes, mas cada passo requer cálculos precisos de torque, atrito e força gravitacional que desafiam até os sistemas mais avançados."

O Campeão Robótico: Tien Kung Ultra

O destaque foi o Tien Kung Ultra, desenvolvido pelo Beijing Humanoid Robot Innovation Center. Com 1,75m de altura e 52kg, ele completou a prova em 2h40min42s — tempo comparável a corredores amadores humanos.

Características técnicas:

  • Sensores: Câmeras 3D e LiDAR para mapeamento do terreno

  • Propulsão: Juntas hidráulicas de alta precisão

  • Energia: Baterias substituíveis a cada 8 km

Apesar do sucesso, o Tien Kung Ultra ainda depende de navegação humana: um corredor-guia carregava um dispositivo de rastreamento à frente para orientá-lo via Wi-Fi.

A Estratégia Chinesa: Mais que um Espetáculo

O evento não foi apenas uma curiosidade midiática. Reflete o plano do governo chinês de se tornar líder global em robótica humanóide até 2027, com:

  • Investimentos: US$ 10 bilhões em subsídios para empresas do setor

  • Foco industrial: Desenvolvimento de robôs para fábricas, construção e cuidados com idosos

  • Resposta demográfica: 30% da população chinesa terá mais de 60 anos até 2035, aumentando a demanda por automação

Wang Guolin, organizador do evento, resumiu:

"Esta corrida testa capacidades fundamentais: locomoção, estabilidade e eficiência energética. Queremos impulsionar a indústria de robôs corporificados."

Críticas e Ceticismo

Especialistas ocidentais questionam o valor prático da demonstração. Alan Fern, professor de robótica da Universidade do Oregon, comentou:

"Correr é um teste de resistência mecânica, não de inteligência. A China prioriza agilidade em vez de funcionalidade real para tarefas úteis."

Outros apontam riscos:

  • Custo elevado: Cada robô participante custa acima de US$ 100 mil

  • Aplicações limitadas: Nenhum modelo demonstrou habilidades além da locomoção

  • "Teatro tecnológico": Suspeitas de que o evento serve mais para propaganda política que avanço científico

O Futuro: Para Onde Correm os Robôs Humanoides?

Apesar das críticas, a China planeja expandir testes:

  1. Novas modalidades: Natação, escalada e competições de culinária com robôs até 2026

  • Integração industrial: Uso em linhas de montagem de eletrônicos e veículos elétricos

  • Cuidados médicos: Assistência a idosos em hospitais de Xangai até 2027

Para Hang Qian, corredor humano que ultrapassou o Tien Kung Ultra, o futuro é promissor:

"Um dia, robôs poderão competir em igualdade conosco. Por enquanto, ainda precisam de muitas baterias extras!"

Referências: